Zé cresceu numa vila cheia de casinhas coloridas. A mamã fazia bolos e ele voava com o delicioso cheiro até países bem distantes.
Em pequeno usava jardineiras brancas às riscas azuis e adorava abrir os braços ao nascer do sol e fingir ser um avião. Os seus caracóis eram loiros cor de trigo e o seu sorriso fazia levantar voo qualquer menina. Seu papá, homem culto, com gostos requintados pela fotografia, literatura e gastronomia, conseguiu que ele fosse estudar longe, onde o seu sonho era possível de existir.
Quando terminou os estudos começou a pilotar grandes aviões, enormes, bem maiores do que aqueles com que sempre sonhara. Na vida temos de ser quem somos para que a beleza (do nosso percurso) nos faça brilhar o olhar.
Foi num dia vulgar que Zé conheceu a sua Maria. Fitou-a com um enorme sorriso nos lábios e ela logo se apaixonou. Saíram para jantar, beberam um copo, dançaram e no fim voaram juntos durante um tempo sem fim.
Os anos passaram e eles foram partilhando a beleza da vida juntos. Viram o nascer do sol e dançaram juntos à beira mar. Pintaram primaveras e escutaram invernos duros. Passaram pelo tempo a voar em partilhas e a contar aviões.
09.09.2014