segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Intimidade

"... dormir com alguém é a intimidade maior. Não é fazer amor. Dormir, isso é que é íntimo. Um homem dorme nos braços de uma mulher e a sua alma se transfere de vez."
COUTO, Mia, "Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra", Caminho, Lisboa, 2002, p.46

domingo, 28 de outubro de 2007

Colar de pérolas


De vestido preto comprido desenhando as curvas do corpo, ela sai apressada. Os caracóis soltos sapateiam ao ritmo dos seus passos. Nos pés uns saltos altos guiam-na a qualquer lugar onde tu possas estar.
O salão estava cheio mas mesmo assim ela chamava a atenção cegando a vista de quem queria ser visto por ela. Lola, gostava de dançar com a anca enquanto andava, de mostrar o peito com um sorriso maroto num decote em V e, de dar sorrisos espontâneos.
Finalmente, chegas. Ali trocam palavras carinhosas, e o desejo aumenta enquanto a comida desaparece. Na sobremesa prometem um mundo inteiro de amores eternos impossíveis. (Sim, todos nós sabemos que existem momentos de felizes, agora amor eterno isso é paradoxal!)
De seguida, quase que se queimam com o café com tanta paixão, a necessidade de se amarem mais uma vez é cada vez maior. Pagam a conta e saem, é altura de irem mais uma vez a um Motel.
No quarto pétalas vermelhas por todo o lado embelezam o tamanho de tanta paixão, uma banheira redonda cheia de água pronta a receber dois corpos mais uma vez, uma garrafa de champanhe e duas taças altas de vidro fino, uma cama feita com uns lençóis escuros, do tamanho da noite que os esconde, e por fim, umas frutas para no final saciar a fome.
Ele despe-a lentamente deleitando-se como um artista quando aprecia uma obra de arte. Ela em movimentos lentos deixa-se levar como se uma valsa viesse tocando baixinho do seu coração, e todo o seu equilíbrio hormonal descontrola-se, a respiração altera-se, e começa a tocar-lhe mais e mais… as mãos não param, o desejo é ainda maior. Amam-se e voltam a amar-se, não fosse a vida tão passageira…
(2007.02.16)

As pétalas e a sua simplicidade

No meio do campo as pétalas da flor dançam nuas ao som do vento e à luz da Lua.
(11.02.2007)

Saudades

A comida dançava ao som da música indiana, pelo meu esófago dentro. Sinto-me mais uma vez estupidamente só. As saudades? Imensas! O teu sorriso inesquecível! Onde estás? Queria tanto falar contigo, tenho tanto para te contar. Partiste sem avisar e nem sequer me deste a oportunidade de te dizer o quanto foste importante. Aí saudade, saudade…

(2006.07.25)

Saudades tuas meu anjo


Naquele dia chovia intensamente. Eu perdia o olhar e o pensamento. As coisas escapavam-me das mãos como um raio escapa do corpo do sol. O dia apenas parecia feio a todos aqueles que te viram viajar, a todos aqueles a quem a saudade deixou marcas bem profundas. Ali estávamos todos reunidos para ver um anjo pela última vez, para te imaginar alçar voo para um mundo tão diferente deste. Aqui te conheci e te admirei, minha fiel e sempre amiga. Sem ti, sinto-me só. «Quem me irá ouvir agora?» De ti guardarei todos os bons momentos que foram curtos demais!
Sempre ao teu lado, sempre contigo…
(2006.04.13)

A distância

Uma simples moldura prende-me aqui. Aqui distante tento ouvir o som da tua voz que aquece o meu coração.
Tenho saudades tuas e minhas também. Sinto que mudo, tão rápido como o vento muda de direcção.
Quero voltar a ser Eu contigo a meu lado, com o teu calor, carinho e amor.
A distância separa-me de ti e de tudo o resto. Aqui apenas as crianças alegram o meu dia-a-dia. É mesmo assim, e por vezes, nem sempre me apetece ir vê-las.
Uma simples moldura, fruto da vida, prende-me num cenário onde só um é personagem. Eu quero uma em que tu possas lá estar também, onde possa ouvir a tua voz sussurrar no meu ouvido palavras de encantar. Aí fecho os olhos e deixo-me levar… QUERO-ME de volta e a TI também!
(2005.02.08)

À tua espera...

Procura-te, depois encontra-me!
Está tudo cinzento à minha volta, não vejo que tanto gostaria de ver.
A geada vai chegando para mais uma vez cobrir o chão. O sol vai lentamente desaparecendo, levando consigo lembranças de mais um dia.
Aqui procuro-me e encontro-me neste cenário cor de cinza. Sei quem sou e o que quero e isso deixa-me feliz.
A confusão instala-se quando me dizes não saberes aquilo que queres.
Dentro de ti está um EU que precisa de ser ouvido, encontra- -te e depois procura-me!
Sim, procura-me pois sabes sempre onde estarei. Estarei na lua cor de prata à espera!
(2004.11.19)

A dor e a lágrima

Quando uma lágrima cai, cai bem devagarinho pela face para mostrar a saudade de alguns momentos felizes. E é essa vagaresa de percurso que provoca a dor.
(2004.10.27)

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

O amor

O amor é talvez o maior quebra-cabeças!
(2004.10.06)

À noite

À noite sentimos o corpo aquecer depois de uma bela valsa!
Os dois corpos dançam ao som do prazer e sussurram palavras de amor. Depois, ali estão abraçados na esperança de que aquele momento não acabe…
(2004.08.17)

Joca Catota Tatoca:

Em mil e um homens havia um Joca Catota Tatoca. Joca havia nascido homem, mas com o passar do tempo também se tinha apercebido da existência de uma catota.
Desde criança que o seu sonho era fabricar colheres de pau inovadoras, ele queria inovar tanto que usava e abusava do pau mas nunca se lhe viu uma colher! A sua receita era então: uma pitada de charme, uma roupa escandalosa, uns sapatos a condizer com todos os acessórios (sempre na moda, a bendizer dos Ocidentais), um pouco de perfume Patcouli, e um andar pedante. Assim saía ele de casa. Morava na cubata perto da décima quinta palmeira a contar da rua Miau Miau de Vau. Tinha uma casa modesta: apenas um colchão de palha no chão, velas, cestos com fruta (muita mesmo, para enfeitar naturalmente a casa), e algumas peças de roupa. Não cozinhava pois a sua mãe morava perto. As suas necessidades eram feitas sempre no mesmo local, no sétimo buraco da cobra que insistia em residir perto dele. Ele só cagava lá para ela ter medo dele, é que sempre que ia obrar, cheirava tão mal, tão mal, que as pessoas usavam todos os panos possíveis para tapar as caras, e os animais, como se tratasse de uma catástrofe, desapareciam todos.
Joca Catota Tatoca tinha um olho zarolho e o outro que era direito olhava sempre para o lado esquerdo. Coitada da mãe que sempre que tinha um filho saía bem pior que o anterior. Vejam bem o que o seu irmão Timótio Timóteide tinha sete dedos numa mão e nenhum na outra.
Mas como há pouco dizia, Joca Catota Tatoca andava sempre agarrado ao pau mas nunca se viu nenhuma colher na mão. O certo é que a sua oficina existia, o pau também, e catota não faltava. É que apesar de tudo, Joca Catota era um sedutor nato, falava, falava e encantava toda a catota que por ali passava. Não havia mulher que não quisesse conhecer os limites máximos do prazer com Joca. Eis a estória de Joca Catota Tatoca que de pau e catota tudo percebia e nem uma colher fazia!
(05.09.07)
REFLEXÕES SOBRE NÃO IMPORTA O QUÊ, ESTÓRIAS DAQUI E DALÉM